Campanha Masculinidade Consciente propõe reflexões sobre o papel social desempenhado pelo homem

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No dia nacional de mobilização dos homens pelo fim da violência contra a mulher, a Rádio Câmara, em parceria com a Secretaria da Mulher, lançou a campanha “Masculinidade Consciente”, que propõe reflexões sobre o papel social desempenhado pelo homem e destaca iniciativas de grupos masculinos na luta pela cultura da não violência.

Na abertura da campanha em uma roda de conversa sobre grupos de homens contra o machismo, nesta quarta-feira (6), foram compartilhados questionamentos e aprendizados de homens que tomaram consciência dos seus medos e crenças e de como o machismo também os impacta.

Humberto Baltar, idealizador do coletivo Pais Pretos Presentes, explicou que, por não ter tido um pai afetuoso, tinha dúvidas de como ser um homem carinhoso com o filho. De acordo com Humberto, o pai tinha o perfil do provedor, o que dava presentes, mas não dizia “eu te amo” e nem falava com o filho sobre suas inseguranças e dificuldades.

Ao buscar outros homens para falar de afeto, masculinidade saudável e paternidade amorosa, Humberto Baltar descobriu que não só ele enfrentava essas dificuldades. Foi quando nasceu, em 2019, o coletivo Pais Pretos Presentes.

“Entre as atividades que a gente culturalmente entende que não cabem na masculinidade estão: o cuidado do lar, o cuidado dos filhos, a conversa, o diálogo e a disponibilidade afetiva, de estar disposto a dar a um ombro”, afirmou Baltar. “É muito raro a gente perceber o homem nesse lugar do que ouve a companheira em uma relação heteronormativa, ou o que ouve os filhos para saber como foi a escola. Geralmente, esse papel de cuidar e caminhar junto é delegado apenas às mães”, apontou.

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Masculinidade tóxica
Humberto Baltar lembrou que, ainda em 2023, homens que são carinhosos, brincam com seus filhos e executam atividades do lar são vistos como piadas e como menos homens, já que essas atividades são lidas como femininas. Esses padrões e culturas alimentam o que se conhece como “masculinidade tóxica”.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Lançamento da Campanha Masculinidade Consciente. Coletivo Homens em Conexão, Fernando Aguiar. Jornalista - Rádio Câmara, André Amaro.
Roda de conversa está disponível nas mídias sociais da Câmara e da Rádio Câmara

A deputada Delegada Ione (Avante-MG) comentou sobre a necessidade de levar o assunto para as escolas. Para ela, é urgente atingir a base da educação e ensinar às crianças sobre a construção social do País e como não reproduzir comportamentos machistas.

“É necessário inclusive ter uma disciplina curricular obrigatória para falar nisso lá na base mesmo, quando a criança está tendo sua formação. Muitas vezes ela não tem essa formação em casa, porque o pai já é machista e a mãe não tem aquela noção de ter que conscientizar essa criança”, disse.

Além dos cuidados com os filhos e com o lar, Humberto Baltar destacou ainda a falta de interesse do homem hétero, que se relaciona com mulheres, em olhar para sua companheira como uma pessoa que também deve receber afeto.

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“A gente fala muito que os homens heterossexuais se relacionam com mulheres, mas isso não é verdade: eles têm relações sexuais com mulheres, mas o relacionamento mesmo afetivo é com outros homens”, disse. “É com outros homens que eles se abrem, é com outros homens que eles riem, se divertem, desabafam, e em casa só sobra o básico: comer, dormir, manter relações sexuais e é isso.”

A roda de conversa também apresentou outro grupo de homens que questiona a construção e os comportamentos machistas da sociedade, o coletivo “Homens em Conexão”. Para Fernando Aguiar, um dos coordenadores do grupo, são essas trocas de experiências, medos e aprendizados que abrem espaço para que ideias já tão incorporadas na população sejam desconstruídas e repensadas.

O conteúdo da campanha “Masculinidade Consciente” estará disponível no Instagram da Rádio Câmara e da Câmara dos Deputados, na página da Rádio Câmara na internet e no canal da Câmara dos Deputados no YouTube.

Reportagem – Laís Menezes
Edição – Ana Chalub

Fonte: Câmara dos Deputados

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