
O evento foi promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher) e da Escola Superior da Magistratura (Esmagis-MT).
Conforme a pesquisa citada por Alice Bianchini, em países em que as mulheres vivenciam mais desigualdades sociais, o córtex cerebral (responsável por funções como pensamento, julgamento e linguagem) das mulheres tem menor espessura quando comparado aos dos homens e também foram evidenciadas alterações anatômicas do sistema límbico, cujo principal papel é o de regular o comportamento emocional.

Alice Bianchini faz um paralelo também com dados apresentados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que pela primeira vez apontou uma onda de violência psicológica contra as mulheres. “É a primeira violência demonstrada e falada pelas mulheres. E a violência psicológica, embora não deixe vestígios físicos, ela deixa vestígios psicológicos muito grandes, que vão afetar inclusive a forma como essa mulher vai tratar os seus próprios filhos, a forma como ela vai estar no seu trabalho, a forma como ela vai estar nos outros relacionamentos”, elenca.
Destacando que a violência de gênero é proporcional às desigualdades sociais em todos os países estudados, a palestrante mostrou dados alarmantes em relação ao Brasil, que é o 5º país em que mais mulheres morrem e em que crimes praticados no contexto da Lei Maria da Penha chegam ao segundo lugar no ranking das denúncias apresentadas pelos Ministérios Públicos estaduais. Além disso, meninas brasileiras, aos 6 anos de idade, já se sentem menos inteligentes do que os meninos e desistem de fazer as atividades.

A presidente do TJMT, desembargadora Clarice Claudino da Silva, classificou o curso como de “vital importância e pertinência” para a pauta feminina e destacou que a atual istração do Tribunal tem como meta desenvolver projetos com o viés de cuidado com as pessoas e, principalmente, com as mulheres.

Para a vice-presidente do TJMT, desembargadora Maria Erotides Kneip, cursos e demais eventos promovidos pela instituição para tratar o tema da violência contra a mulher demonstram que o Judiciário mato-grossense está na vanguarda desse debate. “Não só o Tribunal está em vanguarda nessa discussão porque realmente é moderno o tipo penal que surgiu agora em 2021, na Lei 14.188 (que tipifica como crime a violência psicológica contra a mulher), mas também está cumprindo um Plano Nacional que o governo federal lançou, um pacto de proteção dos direitos da mulher”, pontua.
Contribuição na formação de profissionais – O curso “Violência Psicológica contra a mulher: aspectos criminais e desafios na identificação e prevenção” atraiu dezenas de magistrados, servidores do Poder Judiciário, promotores de Justiça, defensores públicos, delegadas, policiais militares, civis e penais, agentes socioeducativos, assistentes sociais, acadêmicos de Direito, entre outros.
A assistente social Marianne Kelly de Oliveira Rosa, que atua em Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) em Cuiabá, afirma que, por trabalhar na rede de proteção social básica, sempre tem participado dos eventos promovidos pelo Tribunal de Justiça, juntamente com seus colegas de trabalho. “A gente trabalha com mulheres vítimas de violência, porque a gente trabalha com famílias em situação de vulnerabilidade social, então sempre tem casos. O evento contribui porque o que a gente ouve mais falar é da violência física. E como a violência psicológica é algo mais silencioso, a gente percebe que afeta muito a saúde mental, então é bem interessante porque através dos nossos atendimentos, a gente vai conseguir identificar essas violências que podem estar ocultas”.
Dagma Alves, acadêmica do 8º semestre de Direito, afirma que o recente caso de feminicídio de uma advogada em Cuiabá aumentou sua atenção para o tema da violência de gênero. “Enquanto advogada em formação, esse tema é sempre atual, é sempre importante. As palestrantes são autoridades muito conhecedoras do assunto, então a gente precisava ouvi-las e cada vez mais difundir a conscientização do que a violência contra a mulher faz, o malefício que faz à nossa sociedade”.
#Paratodosverem Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Foto 1: Auditório lotado. À frente, a palestrante Alice Bianchini falando ao microfone. Ela usa um blazer verde. No palco, sentados em poltronas, a desembargadora Maria Erotides Kneip, o juiz Jamilson Haddad, a tenente-coronel PM Emirella Martins e o promotor de Justiça, Thiago Afonso. No telão, a logomarca do evento. Foto 2: Foto de perfil de Alice Bianchini durante sua palestra. Ela segura o microfone e olha para a frente. Ela é uma mulher branca, de cabelo liso e castanho, usando um blazer verde. Foto 3: Desembargadora Maria Aparecida Ribeiro discursa no púlpito do auditório. Ela é uma senhora branca, de cabelo liso e preso, usando uma camisa bege, medalha de Nossa Senhora Aparecida e óculos de grau. Do lado direito, o telão com a logomarca do evento. Foto 4: Presidente do TJMT, desembargadora Clarice Claudino da Silva concede entrevista à TV.Jus. Ela é uma senhora branca, de cabelo curto, liso e castanho, olhos claros, usando um vestido estampado verde e terninho na cor verde militar.
Celly Silva/ Fotos: Alair Ribeiro
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT
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